miércoles, julio 06, 2011

La obra de arte - Fernando Pessoa

 

Fernando Pessoa

A obra da arte

      La obra de arte, fundamentalmente, consiste en una interpretación objetivada de una impresión subjetiva.
      Difiere así, de la ciencia, que es una interpretación subjetivada de una impresión objetiva, y de la filosofía, que es, o procura ser, una interpretación objetivada de una impresión objetiva.
      La ciencia busca las leyes particulares de las cosas —esto es, aquellas leyes que rigen los asuntos u objetos que pertenecen a aquél tipo de cosas que se están observando. La ciencia es una subjetivación, porque es una conclusión que se extrae de un determinado número de fenómenos. La ciencia es una cosa real y, dentro de sus límites, cierta, porque es una subjetivación de una impresión objetiva, y es, así, un equilibrio.
      La filosofía trabajará siempre en vano porque procura objetivar...
      En el arte debemos distinguir tres partes. El arte envuelve una impresión o idea, sobre la cual se trabaja; envuelve una interpretación. Y tiene que obedecer a las leyes que rigen toda objetivación. ¿Cuáles son, en cada caso, esas leyes?
      En primer lugar, ¿cuáles son las leyes que rigen la impresión de una idea? Estas leyes son tres. Encierran, como puede verse, el elemento subjetivo del arte. 1º Una impresión o idea es perfecta y típica en la proporción en que es característica del individuo que la tiene, esto es, en la proporción en que en esa idea se revelan: a) el temperamento del individuo, b) la totalidad del temperamento del individuo (tanto como sea posible del temperamento del individuo), c) el temperamento del individuo tan armónicamente dispuesto dentro de sí como sea posible (analyse this last element)1. De este modo es cómo el elemento de la subjetividad del arte envuelve la originalidad como criterio objetivo (note if this expression is good)2.
      En segundo lugar, ¿cuáles son las leyes que rigen la objetivación? Veamos qué quiere decir objetivación. La palabra implica la reducción de la idea, o sea lo que fuere (que ha de ser idea, y no objeto, para que se pueda decir que se objetiva) a la categoría de objeto; esto quiere decir, a la categoría de cosa análoga a otra cualquiera que habita el mundo exterior. Son tres las leyes que rigen la determinación del objetivo como tal. 1º. Un objeto ha de ser limitado, distinto a otros objetos. 2º. Un objeto está compuesto de partes formando un todo esas partes existen en ese todo en virtud de la armonización de las partes en la formación de ese todo. 3º. (Debe ser 1º.)3. Cada objeto es real en la proporción en que puede ser observado en diferencias grandes por el mayor número posible de personas. Tenemos, pues, como leyes de la objetivación: 1º. (3rd above)4 La ley de la verosimilitud. 2º. (1st above)5 La ley de la no-repetición. 3º. (2nd above)6 La ley de la relación de interdependencia entre el todo y las partes de las que está compuesto. (La ley de unidad armónica. Porque, cuando observamos un todo, lo observamos a través de las partes que lo componen, pero, viéndolas de golpe, encadenadas a la idea de ese todo).
      En tercer lugar. Cuáles son las leyes que rigen la interpretación. Es claro que por interpretación se entiende apenas un grado —el más alto— del fenómeno asociado con la sensación de una cosa cualquiera. Esas leyes también son tres: 1º. Una interpretación es tanto más completa cuanto mas conserva todas las relaciones del objeto interpretado, su armonía especial y tan típica como es posible. 2º. Una interpretación es tanto más perfecta cuanto más consigue hacer olvidar el objeto interpretado en la propia interpretación. (Es así como una traducción es perfecta cuando parece no ser una traducción) (...).

       A obra de arte, fundamentalmente, consiste numa interpretação objectivada duma impressão subjectiva.
      Difere, assim, da ciência, que é uma interpretação subjectivada de uma impressão objectiva, e da filosofia, que é, ou procura ser, uma interpretação objectivada de uma impressão objectiva.
      A ciência procura as leis particulares das coisas — isto é, aquelas leis que regem os assuntos ou objectos que pertencem àquele tipo de coisas que se estão observando. A ciência é uma subjectivação, porque é uma conclusão que se tira de determinado número de fenómenos. A ciência é uma coisa real e, dentro dos seus limites, certa, porque é uma subjectivação de uma impressão objectiva, e é, assim, um equilíbrio.
      A filosofia trabalhará sempre em vão porque procura objectivar. . .
      Na arte temos a distinguir três partes. A arte envolve uma impressão, ou ideia, sobre a qual se trabalha; envolve uma interpretação dessa ideia ou impressão de modo a torná-la artística; e envolve, finalmente, uma coisa de que se tem essa impressão ou ideia.
      A arte obedece, portanto, a três critérios exteriores. Tem que obedecer às leis que regem toda a impressão ou ideia. Tem que obedecer às leis que regem toda a interpretação. E tem que obedecer às leis que regem toda a objectivação. Quais são, em cada caso, essas leis?
      Primeiro, quais as leis que regem a impressão ou ideia? Estas leis são três. Abrangem, como se vê, o elemento subjectivo da arte. 1.°: Uma impressão ou ideia é perfeita e típica na proporção em que é característica do indivíduo que a tem, isto é, na proporção em que nessa ideia se revela a) o temperamento do indivíduo, b) todo o temperamento do indivíduo (o mais possível do temperamento do indivíduo), c) o temperamento do indivíduo o mais harmonicamente disposto dentro de si que seja possível ( analyse this last element ) . De modo que o elemento subjectividade da arte envolve a originalidade como critério objectivo ( note if this expression is good ) .
      Segundo, quais as leis que regem a objectivação? Vejamos o que quer dizer objectivação. A palavra implica a redução da ideia, ou seja o que for (que há-de ser ideia, e não objecto, para poder dizer-se que se objectiva) à categoria de objecto; isto quer dizer, à categoria de coisa análoga a qualquer coisa que ocupa o mundo exterior. São três as leis que regem a determinação do objectivo como tal. 1.º Um objecto tem de ser limitado, distinto dos outros objectos. 2.º Um objecto é composto de partes formando um todo; essas partes existem nesse todo em virtude de serem partes de tal todo, nem se consideram partes senão em relação a tal todo; e o todo, podendo ser considerado como uma coisa independentemente das partes, só o pode ser em virtude da harmonização das partes na formação desse todo. 3.º (deve ser 1.º). Cada objecto é real na proporção em que pode ser observado em diferenças grandes por o maior número possível de pessoas. Temos, pois, como leis da objectivação: 1.º (3rd above) A lei da verosimilhança. 2.º ( 1st above) A lei da não-repetição. 3.º (2nd above) A lei da relação de interdependência entre o todo e as partes de que é composto. (A lei da unidade harmónica. Porque, quando observamos um todo, observamo-lo através das partes que o compõem, mas, vendo-as de golpe, somamo-las de chofre na ideia desse todo).
      Terceiro. Quais são as leis que regem a interpretação. Entende-se que por interpretação se entende apenas um alto grau — o mais alto — do fenómeno envolvido na sensação de qualquer coisa. Essas leis são também três: 1.° Uma interpretação é tanto mais completa quanto mais conserva todas as relações do objecto interpretado, a sua harmonia especial e típica tanto quanto possível. 2.° Uma interpretação é tanto mais perfeita quanto mais consegue fazer esquecer o objecto interpretado na própria interpretação. (É assim que uma tradução é perfeita quando parece não ser uma tradução) (...).

1 En inglés en el original.
2 En inglés en el original.
3 Nota para corrección del texto final trasponiendo el orden de los enunciados.
4 En inglés en el original.
5 En inglés en el original.
6 En inglés en el original.

1916?
Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação. Fernando Pessoa. (Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1966. - 177.

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