sábado, junio 16, 2012

Llueve lejana e indistintamente - Tercera entrega


Alta va sobre la montaña
una nube sin razón.
Mi corazón acompaña
el que no tengas corazón.

Fernando Pessoa

En: Quadras ao Gosto Popular. Fernando Pessoa. (Texto estabelecido e prefaciado por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1965. (6ª ed., 1973).  p.104.

Texto original:

Vai alta sobre a montanha / Uma nuvem sem razão. / Meu coração acompanha / O não teres coração.



Pasa una nube frente al sol.
Pasa una pena por quien ve.
El alma es como un girasol:
Gira hacia lo que no está al pie.

Pasó la nube; el sol regresa.
La alegría girasoló.
Pendón latente de revuelta,
¿qué hora maligna te enrolló?

Fernando Pessoa, 14-8-1933

En: Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).  p. 153.

Texto original:

Passa uma nuvem pelo sol / Passa uma pena por quem vê. / A alma é como um girassol: / Vira-se ao que não está ao pé. // Passou a nuvem; o sol volta. / A alegria girassolou. / Pendão latente de revolta, / Que hora maligna te enrolou?



Como a veces en un día azul y manso
sobre el vivo verde de la planicie calma
el avanzar de una nube súbita
pálidamente las hierbas oscurece,
así ahora en mi alma pávida
que súbitamente se desvanece y se enfría
el recuerdo de los muertos aparece...

Fernando Pessoa 10-11-1925

En: Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990).  p. 67.


Texto original:

Como às vezes num dia azul e manso / No vivo verde da planície calma / Duma súbita nuvem o avanço / Palidamente as ervas escurece / Assim agora em minha pávida alma / Que súbito se evola e arrefece / A memória dos mortos aparece...


Llueve. ¿Qué hice yo de la vida?
Hice lo que ella hizo de mí...
Por pensada, mal vivida...
¡Triste de quién es así!

En una angustia sin remedio
tengo fiebre en el alma y, al ser,
tengo saudade, entre el tedio,
sólo por aquello que nunca quise tener...

Quién pudiera yo haber sido,
¿Qué ha sido de él? Entre pequeños odios
míos, yo, he partido de mí.
¡Si al menos lloviese menos!

Fernando Pessoa, 23-10-1931

En: Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990).  p. 56.


Texto original:

Chove. Que fiz eu da vida? / Fiz o que ela fez de mim... / De pensada, mal vivida... / Triste de quem é assim! // Numa angústia sem remédio / Tenho febre na alma, e, ao ser, / Tenho saudade, entre o tédio, / Só do que nunca quis ter... // Quem eu pudera ter sido, / Que é dele? Entre ódios pequenos / De mim, estou de mim partido. / Se ao menos chovesse menos!

No hay comentarios.:

TaBaCaRio

En el mes del nonagésimo aniversario de publicación del que tal vez sea el más recordado poema de Fernando Pessoa, esta traducción de Tabaca...