martes, agosto 14, 2012

A la noche - Fernando Pessoa

Fernando Pessoa - A LA NOCHE

[14-9-1919]

El silencio es tu gemelo en el Infinito.
Quien te conoce, sabe no buscar.
Muerte visible, ven la sed a saciar
del vago mundo, del mundo estrecho y afligido.

Si tus abismos constelados observo,
no sé quién soy ni qué fin dar
a tanto dolor, a tanta ansia par
del sueño, y a tanta incertidumbre que medito.

¿Qué vislumbre escondida de mejores
días u horas en tu campo cabe?
Velo nupcial del fin de fines y dolores.

Ni sé qué angustia vienes a consolarme.
¡Deja que yo duerma, deja que yo acabe
y que la luz nunca venga a despertarme!


Poemas de Fernando Pessoa 1915-1920 Edição Crítica de Fernando Pessoa. Série Maior. Volume I, Tomo II. (Edição de João Dionísio) Lisboa: IN-CM, 2005. (No. 259) p. 215.


Texto original:

Á NOITE // O silencio é teu gemeo no Infinito. / Quem te conhece, sabe não buscar. / Morte visivel, vens desdentar / O vago mundo, o mundo estreito e afflicto. // Se os teus abysmos constellados fito, / Não sei quem sou o qual o fim a dar / A tanta dor, a tanta ansia par / Do sonho, e a tanto incerto em que medito. // Que vislumbre escondido de melhores / Dias ou horas no teu campo cabe? / Veu nupcialdo fim de fins e dores. / Nem sei a angustia que vens consolar-me. / Deixa que eu durma, deixa que eu acabe / E que a luz nunca venha dispertar-me!

Glosas - Fernando Pessoa

Fernando Pessoa - Glosas

[14-8-1925]

[I]

Toda obra es vana y vana es la obra toda.
El viento vano, que arremolina las vanas hojas,
representa nuestro esfuerzo y nuestro estado.
El dato y el hecho, ambos los otorga el Hado.

Sereno, sobre ti mismo, observa
la posibilidad yerma e infinita
desde donde lo real emerge inutilmente
y calla; y, sólo para pensar, siente.


[II]

Ni el bien ni el mal definen al mundo.
Ajeno al bien y al mal, desde el profundo
cielo supuesto, el Hado que llamamos Dios
rige ni mal ni bien la tierra y los cielos.

Reímos y lloramos a través de la vida.
Una cosa es una cara contraída
y la otra un agua con un leve sabor a sal.
Y el Hado dicta el hado ajeno al bien y al mal


[III]

Doce signos del cielo el Sol recorre,
Y, renovando su curso, nace y muere
en los horizontes de cuanto contemplamos.
Todo en nosotros es el punto desde el cual miramos.

Ficciones de nuestra propia consciencia
subyacemos al instinto y a la ciencia.
Y el sol fijo tampoco recorrió
los doce signos que no están en el cielo.


Poemas de Fernando Pessoa 1921-1930 Edição Crítica de Fernando Pessoa. Série Maior. Volume I, Tomo III. (Edição de Ivo Castro) Lisboa: IN-CM, 2001. (No. 119) pp. 88-89.


Texto original:

GLOSAS // [I] // Toda a obra é vã, e vã a obra toda. / O vento vão, que as folhas vãs enroda, / Figura o nosso esforço e o nosso estado. / O dado e o feito, ambos os dá o Fado. // Sereno, acima de ti mesmo, fita / A possibilidade erma e infinita / De onde o real emerge inutilmente, / E cala, e só para pensares sente. // [II] // Nem o bem nem o mal define o mundo. / Alheio ao bem e ao mal, do céu profundo / Supposto, o Fado que chamamos Deus / Rege nem bem nem mal a terra e os céus. // Rimos e choramos atravez da vida. / Uma coisa é uma cara contrahida / E a outra uma agua com uma leve sal. / E o Fado fada alheio ao bem e ao mal. // [III] // Doze signos do céu o Sol percorre, / E, renovando o curso, nasce e morre / Nos horizontes do que contemplamos. / Tudo em nós é o poncto de onde estamos. // Ficções de nossa mesma consciencia / Jazemos o instinto e a sciencia. / E o sol parado nem percorreu / Os doze signos que não ha no céu.

TaBaCaRio

En el mes del nonagésimo aniversario de publicación del que tal vez sea el más recordado poema de Fernando Pessoa, esta traducción de Tabaca...