lunes, diciembre 24, 2012

Tres poemas de Navidad de Fernando Pessoa y un fragmento de Bernardo Soares


 

NAVIDAD

Nace un Dios. Otros mueren. La verdad
ni vino ni se fue: el Error mutó.
Tenemos ahora otra Eternidad,
y fue siempre mejor cuanto pasó.

La Ciencia, ciega, la gleba inútil labra.
Loca, la Fe vive el sueño de su culto.
Un nuevo dios es sólo una palabra.
No busques ni creas: todo es oculto.



Texto original: NATAL // Nasce um Deus. Outros morrem. A verdade / Nem veio nem se foi: o Erro mudou. / Temos agora uma outra Eternidade, / E era sempre melhor o que passou. // Cega, a Ciência a inútil gleba lavra. / Louca, a Fé vive o sonho do seu culto. / Um novo deus é só uma palavra. / Não procures nem creias: tudo é oculto. //

[poema sin fechar]
Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). p. 216.
1ª publicación en la revista Contemporânea , nº 6. Lisboa: Dic 1922.


[Navidad... en el campo nieva.]

Navidad... en el campo nieva.
En los hogares engalanados,
un sentimiento conserva
los sentimientos pasados.

Corazón opuesto al mundo,
¡Cuán verdadera es la familia!
Mi pensamiento es profundo,
estoy solo y sueño saudade.

Y, ¡cuán blanco de gracia
es el paisaje que desconozco,
visto al través de la vidriera
del hogar que nunca tendré!

Texto original: [Natal... Na província neva.] // Natal... Na província neva. / Nos lares aconchegados, / Um sentimento conserva / Os sentimentos passados. // Coração oposto ao mundo, / Como a família é verdade! / Meu pensamento é profundo, / Estou só e sonho saudade. // E como é branca de graça / A paisagem que não sei, / Vista de trás da vidraça / Do lar que nunca terei! /

[poema sin fechar]
Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). p. 115.
1ª publicación en el diario lisboeta: Notícias Ilustrado , nº 29. Lisboa: 30-12-1928.


[Llueve. Es día de Navidad.]

Llueve. Es día de Navidad.
Allá en el Norte es mejor:
está la nieve que hace mal.
Y el frío que es incluso peor.

Y toda la gente está contenta
porque es el día de estarlo.
Llueve en la Navidad presente.
Antes eso que nevar.

Pues a pesar de ser esa
La Navidad convencional,
cuando me refresca el cuerpo
tengo frío y no Navidad.

Dejo el sentir a quien convenga
y la Navidad a quien la hizo,
pues si llego a escribir otra cuarteta
se me congelan los pies.

Texto original: [Chove. É dia de Natal.] // Chove. É dia de Natal. / Lá para o Norte é melhor: / Há a neve que faz mal. / E o frio que ainda é pior. // E toda a gente é contente / Porque é dia de o ficar. / Chove no Natal presente. / Antes isso que nevar. // Pois apesar de ser esse / O Natal da convenção, / Quando o corpo me arrefece / Tenho o frio e Natal não. // Deixo sentir a quem quadra / E o Natal a quem o fez, / Pois se escrevo ainda outra quadra / Fico gelado dos pés.

[25-12-1930]
Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). p. 127.


BERNARDO SOARES

[Fragmento del Libro del desasosiego]

     Más «pensamientos»-
     Día de Navidad (Humanismo. La «realidad» de la Navidad es subjetiva. Sí, en mi ser.
     La emoción, tal como vino, pasó. Pero durante un momento conviví con las esperanzas y las emociones de generaciones innumerables, con las imaginaciones muertas de todo un linaje de místicos.
     ¡Navidad en mí!)

Texto original: Mais «pensamentos». // Dia de Natal (Humanismo. A «realidade» do Natal é subjectiva. Sim, no meu ser. // A emoção, como veio, passou. Mas um momento convivi com as esperanças e as emoções de gerações inúmeras, com as imaginações mortas de toda uma linhagem morta de místicos.Natal em mim!)


[fragmento sin fechar]
Livro do Desassossego por Bernardo Soares. Vol.II. Fernando Pessoa. (Recolha e transcrição dos textos de Maria Aliete Galhoz e Teresa Sobral Cunha. Prefácio e Organização de Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1982. p. 311.

TaBaCaRio

En el mes del nonagésimo aniversario de publicación del que tal vez sea el más recordado poema de Fernando Pessoa, esta traducción de Tabaca...